sábado, 15 de janeiro de 2011

Histórico do Movimento Punk


               O punk é uma contracultura internacionalista de luta e ação direta que surgiu na década de 70 através de revolta e do ódio de jovens proletários indignados com a podre realidade mantida pelo sistema vigente. Contrapõem-se a moral institucional da sociedade e todos os valores burgueses impostos como o autoritarismo, o comodismo, o racismo, a religião, a guerra, o machismo, a homofobia, a xenofobia, o sexismo, expressados atrás da maneira de se vestir, do comportamento subversivo, de bandas, jornais, revistas político-alternativas (zine), panfletos, colagens, boicotes, passeatas, pichações, teatro, dentre outras diversas formas de contestação, não vendo diferenças entre homens e mulheres, negros e brancos, demonstrando na pratica da vivencia cotidiana a igualdade entre todas as pessoas e etnias, buscando resgatar culturas massacradas pelo capitalismo como a indígena, a negra e diversas outras de origem popular, se adaptando de acordo a realidade de cada um.
                Naquela época já haviam ocupações feitas em prédios públicos inativos ou em casas desocupadas onde eram formadas comunidades autogestionárias, lugar onde se reunião para organização de protestos, produção de vídeos, apresentação de bandas, exposição de materiais da cultura punk e de diversas outras culturas alternativas, produção de alimentos como o pão, comida vegetariana e natural, estúdios alternativos para a gravação de seus discos, dentre outras atividades. Esses lugares eram chamados de squats.
                Umas das principais expressões era a musica, criada de uma forma crua, acordes simples, e sons distorcidos em contraposição aos clássicos do rock progressivo enfeitadinho, mostrando que qualquer pessoa é capaz de tocar e formar uma banda. Naquela época existiam bandas de mídia como sex pistols, ramones, the Clash, dentre outras, que tinham seus empresários e com o objetivo de obter cada vez mais lucro e fama, com uma ideologia mercenária, incentivando o consumismo e deturpando uma cultura que se baseava no “faça você mesmo” e no anti-consumismo, ao contrario de muitos escritos e do que muitas pessoas pensam o punk não surgiu com essas bandas, surgiu tempos antes, pois nessa mesma época existiam bandas realmente alternativas que negavam qualquer oferta de gravadoras, que faziam eventos beneficentes, como o crass que criticavam essas bandas pop star diretamente, pois notavam que estavam sendo os principais responsáveis  a entregar o movimento punk ao sistema, acarretando na perda de sua característica contestadora, de originalidade, como já havia acontecido com os hippies.
                No inicio dos anos 80 o punk, vendo o velho punk rock ser engolido pela mídia, sentiu a necessidade de criar algo não comercializável, surgindo então o hardcore, som mais distorcido e acelerado que possivelmente não agradaria os ouvidos dos que apenas queriam consumir a já malhada “musica punk”. Surgiram bandas hardcore e indivíduos que se identificavam com diversos tipos de idéias, surgindo diversos segmentos de punk pelo mundo. Como os crust que reciclavam praticamente tudo do lixo para a sua sobrevivência, execrando totalmente o dinheiro e o sistema, o grindcore tipo de som extremamente rápido e denso mais próximo do metal, o noise, que é totalmente anti-musica com sons de 10 segundos e utilizando elementos inusitados, como liquidificador, TV chiando, furadeira; o riot girrl, com grande participação feminista, dentre outros. Essa mesma época surgia também os anarco-punks, assumindo para si o compromisso de militância cultural e política no ambiente social, pois o punk em si não tinha propostas a nível social, sentido a necessidade de um trabalho mais amplo, tendo laços muito próximos ao do anarquismo. Em todo o mundo surgiram diversos segmento de punks, cada um adaptado a sua realidade, dando vazão ao surgimento de gangues e vândalos, que entendiam que a contracultura era contra tudo e todos e que era para sair dando porrada e quebrando tudo. Isso talvez por falta de informações, ou por terem conhecido de uma maneira distorcida ou então por se limitar no punk de mídia, com aquelas bandas que mostram visivelmente uma rebeldia sem causa, transparecendo um total descompromisso, resumindo sua “luta” em meras palavras.
                Os tempos foram passando e o punk foi evoluindo, pois o mesmo sempre procura se reinventar nas suas formas de atuação. Nos anos 90 ate hoje muitos punks não se limitam a apenas ouvir som e/ou se fechar em estilos musicais e a se divertir culturalmente, pois é impor limites à uma contracultura puramente libertaria, se dedicando a outros trabalhos sociais e resgate/criação de outros estilos musicais sempre não comercializáveis, dificultando a cooptação pela mídia e dando mais vazão à criatividade e espontaneidade. Muitos punks mantém espaços culturais em locais ocupados ou alugados, desenvolvem trabalhos com a comunidade, escolas, universidades, criam comitês de solidariedade à oprimidos, trabalham em conjunto com outros grupos como os movimento negro, hip-hop, homossexual, feminista, sem terra, sem teto, vegetarianos e outras atividades alternativas e libertarias. Ainda hoje existem bandas de mídia com o objetivo de obter fama e lucro como offspring, exploited (banda nazi), nofx, bad religion, garotos podres (banda oi), inocentes, ratos de porão, cólera, d.z.k, olho seco, dentre muitos outros pseudo-punks. Cabe a nós punks e simpatizantes, boicotá-las para que não continuem usando a nossa cultura em beneficio próprio. Que nos informemos melhor sobre a contracultura alternativa e unamos independente de ser ou não punk, direcionando nossa luta em prol da dignidade, solidariedade, o amor, contra o estado e tudo que nos oprime!!! 

2 comentários: